segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Projetos de Aprendizagem na Prática Pedagógica

No dia 08 de setembro foi realizado, na Instituto Estadual de Educação São Francisco Xavier, mais uma oficina do Programa Escolas Interculturais de Fronteira, ministrada pela professora Neusete Machado Rigo, da UFFS – Campus Cerro Largo. Com o tema “Projetos Pedagógicos”.
Nesse encontro as professoras tiveram a oportunidade de apresentar suas propostas inicias de projetos de pesquisa, os quais desejam realizar com seus alunos.

Foi um encontro muito interessante porque as professoras trouxeram suas práticas com projetos desenvolvidos em outros momentos e estes serviram de “ponta pé inicial” para o planejamento de outros. Assistimos a um vídeo produzido por uma das professoras sobre um passeio que os alunos haviam realizado nas águas do rio Uruguai. A partir dalí criamos um planejamento viável, como um exemplo do que poderia ser feito a seguir:

Título do projeto: “O rio que nos une/separa”

Aspectos a pesquisar:

1. Como vivem as pessoas às margens do rio? (sua vida, seus credos, moradia, alimentação, arte, sonhos, esperanças...)
2. A importância do rio Uruguai para essas pessoas.
3. As relações entre o Brasil e Argentina.
4. As enchentes: seus efeitos, suas origens...
5. As barragens: benefícios, prejuízos...

Como fazemos a pesquisa? (metodologia)
1. Passeios
2. Entrevistas
3. Observações
4. Maquetes
5. Pesquisas bibliográficas

Quando faremos?

Quem participará?

O que faremos para socializar/sistematizar o que pesquisamos?


PROJETOS DE APRENDIZAGEM

No dia 14 de agosto, ocorreu mais uma oficina da professora Neusete Machado Rigo, da UFFS- campus de Cerro Largo, na Escola Estadual Antônio Fioravante -CIEP. A seguir, disponibilizamos o esquema utilizado no encontro.
1. Objetivo:Planejar a organização dos projetos de aprendizagem para serem propostos nas turmas com os alunos.
2. Desenvolvimento:
2.1. Retomar a proposta de projeto iniciada no encontro anterior. Em grupos organizar a proposta: qual é o problema, o que sabemos, o que queremos saber, como vamos fazer para saber? Socialização das propostas.
2.2.Planejar o trabalho a ser encaminhado com os alunos. Definir como vamos problematizar a realidade para que os alunos possam perceber um problema: um vídeo, recortes de jornal, músicas...
Definir:

O QUE
COMO
QUANDO










2.2 COMO PODEMOS TRABALHAR COM PROJETOS DE PESQUISA EM SALA DE AULA?
1. Levar os alunos a observarem a realidade para pensar uma problemática que envolve a diversidade cultural.
Como fazer?
Partir de uma PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL, que pode ser: um vídeo, uma notícia, uma figura, fotos...

Ex 1: Diversidade cultural: Raça


Observe as frases abaixo:
1.”Meninas não devem brincar com meninos.”
2.”Mamãe é a rainha do lar, papai é o chefe da casa”.
3 “Meninas não jogam bola, brincam com bonecas”
4.”Homem não chora”.
O que você pensa sobre elas?
Para dialogar:
1.Na tua opinião existem comportamentos, brincadeiras, jogos, trabalhos, cores... que são para os meninos e outros que são para as meninas?
2.Na relação entre meninos(homens) e  meninas(mulheres) existe um que é melhor ou mais que o outro, ou que possua mais direitos que o outro?
2. Organizar com os alunos o trabalho de pesquisa:
Como fazer?
1. Definir a temática.
2. Apresentar o problema.
3. O que queremos saber sobre?
4. Por que queremos saber isso?
5. Como faremos para saber o que queremos?
Este é o momento de planejamento que os alunos elaborarão para dar visibilidade ao estudo que querem fazem. É um momento que precisa da orientação do professor.
3. Acompanhar o trabalho de pesquisa sugerindo, disponibilizando material, ajudando a organizar o material, orientando em alguma escrita ou outro tipo de produção.
4. Socializar os estudos produzidos pelos alunos.
VÍDEO BONECA NEGRA

            
O encontro tinha por objetivo encaminhar com as professoras possibilidades para pensar um projeto de pesquisa com os alunos, relacionado à interculturalidade. Por isso, trouxemos como elementos problematizadores questões realacionadas ao negro e à questão de gênero. Assistimos a um vídeo que apresenta uma pesquisa realizada com crianças brancas e negras nos EUA, o qual demonstra como elas estão subjetivadas a aceitar o branco e a negar o negro, adjetivando este como mau, feio e “não amigo”. Isso as leva a atitudes de preconceito e discriminação. Outra reflexão realizada a partir das tirinhas da Mafalda, tinha como foco a questão de gênero, como uma discussão necessária para repensar as práticas que vivenciamos na escola, na família e na sociedade.
            A partir desses dois temas encaminhamos para que as professoras pensassem em suas escolas possibilidades de construir propostas coletivas de trabalho, que partissem das leituras de mundo que os alunos conseguem fazer e assim, planejar pesquisas que venham a responder aos seus questionamentos.
            Foi uma manhã de discussão em que “desenhamos” possibilidades para que os projetos de pesquisa estejam presente nos currículos das escolas e, desta forma, possamos modificar pensamentos e realidades acerca do contexto cultural em que vivemos. 

O Teatro Como Experiência Estética Encontro de Outubro/2014

No dia 18 de outubro, a Oficina “Teatro Como Experiência Estética”, realizada em Porto Xavier – RS, desenvolveu noções sobre bonecos de manipulação a vista, jogos e exercícios preparatórios, elementos técnicos do teatro e improvisação de pequenas cenas.
Os professores participantes da oficina confeccionaram um protótipo de boneco de manipulação à vista, a partir da utilização de materiais simples, como folhas de jornal. Em seguida, realizaram exercícios de manipulação em dupla do boneco, explorando movimentos e ações.
Os exercícios e jogos preparatórios desenvolvidos na oficina possibilitam trabalhar elementos básicos, como: foco; percepção; ritmo; atenção e concentração; o trabalho em grupo; a expressão corporal;  respiração, etc.
Já os exercícios técnicos e a improvisação de cenas permitem abordar alguns elementos fundamentais para o fazer teatral, como: criação de personagens, espaço cênico e ação. Além desses itens, a oficina também propôs a discussão sobre as etapas e conceitos implicados na criação de um espetáculo de teatro. Os participantes da oficina puderam conhecer, através de imagens, um pouco do processo de trabalho do Grupo de Teatro A Turma do Dionísio, que atua na área há mais de 28 anos e pesquisa a interação entre o teatro de atores e o teatro de Formas Animadas.
Para a pesquisadora Ana Maria Amaral, a expressão Teatro de Formas Animadas abrange um amplo campo da produção teatral, que inclui o teatro de bonecos, o teatro de máscaras e o teatro de objetos. O termo “forma” é usado pela autora para “expressar a materialização de uma ideia” e está relacionado à ideia de animação, ou seja, à possibilidade de provocar uma espécie de “ilusão de vida” a algo inanimado. É a relação entre movimento e energia que possibilita essa ilusão.
O Teatro Como Experiência Estética, oficina coordenada pela atriz Maristela Marasca, propõe a observação e a reflexão sobre as experiências estéticas cotidianas e nas linguagens teatrais. O encontro foi realizado no Instituto Estadual de Educação São Xavier e contou com a participação de professores de diversas áreas do conhecimento, que atuam em escolas parceiras do Programa.
A Oficina integra as atividades do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF), desenvolvido pelo Ministério da Educação em cidades de fronteira do Mercosul  e países envolvidos: Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Venezuela. 
















DIÁLOGO INTERCULTURAL REQUER ESFORÇO DE INTELIGIBILIDADE RECÍPROCA

No último dia 18 de agosto ocorreu mais um encontro do PEIF, no Instituto Estadual de Educação São Francisco Xavier. A oficina foi ministrada pelo professor Lívio Arenhart, o qual disponibilizou uma resenha sobre o encontro. 
As concepções monoculturalistasde totalidades sociais pressupunham a homogeneidade das suas respectivas partes e se admitiam como teorias gerais, inclusive, da transformação social. Uma teoria geral da transformação era considerada necessária e operacional à parte que acreditava poder representar a totalidade e se autoproclamar sujeito da história. Ora, acreditamos, hoje, que a experiência social é muito mais ampla e variada do que o que a tradição científica e filosófica ocidental conhece e considera importante. Nenhuma teoria geral pode abarcar a totalidade das experiências sociais. Como sugere Boaventura de Sousa Santos, temos que criar, hoje, o espaço-tempo necessário para conhecer e valorizar a inesgotável experiência social em curso e, simultaneamente,criar uma inteligibilidade recíproca entre experiências disponíveis e possíveis.  Este último aspecto é o que, por influência de RaimonPanikkar, ele chama de tradução intercultural.
O trabalho de tradução, neste sentido, convém ser conduzido por uma metodologia que não se limita a aplicar uma técnica de interpretação. De acordo com Panikkar, essa metodologia implica saber operar com algumas distinções conceptuais, que a sustentam e legitimam: conceito/símbolo, logos/mythos, alius/alter, multiculturalismo/interculturalidade. A explicitação e articulação adequada desses pares conceptuais, entre outros, formam o marco categorial pressuposto pela metodologia da tradução intercultural que Panikkar denominou“hermenêutica diatópica”.
Justifica-se essa metodologia tanto pelo fato de evitar o desperdício da experiência e o epistemocídio das formas de saber que não seguem exatamente os princípios e normas de ciência ocidental quanto pelo fato de proceder ao desarmamento cultural e ao diálogo intercultural e inter-religioso como condições necessárias para a solução dos grandes problemas da humanidade e para a urgente construção de um mundo de paz.
O trabalho de tradução incide tanto sobre os saberes como sobre as práticas e seus agentes. A tradução entre saberes consiste no trabalho de interpretação entre duas ou mais culturas com vistas a identificar preocupações isomórficas entre elas e as diferentes respostas que fornecem para elas. Ora, como, no diálogo entre pessoas de culturas distintas, nem sempre é possível uma comunhão conceptual, é de capital importância o pensamento simbólico, o qual não é objetivo nem subjetivo, mas essencialmente dialogal. A compreensão recíproca de pontos de vista de falantes de culturas diferentes implica certa participação num universo simbólico que não é exclusivamente epistemológico.  Com efeito, a consciência simbólica ou mítica permite-nos “ver” as coisas do nosso mundo prático numa dimensão de abertura prévia ao entendimento lógico, pelo qual podemos “observá-las” e analisá-las. Os mitos são aquilo que nos dá a base em que a uma questão enquanto questão tem sentido, que nos oferece o horizonte de inteligibilidade no qual temos necessidade de colocar não importa qual ideia, convicção ou ato de consciência para que possa ser captado pelo nosso espírito.
O melhor exemplo de tradução intercultural pela metodologia da hermenêutica diatópica são os estudos que explicitam a tensa relação simbólica entre a noção ocidental de Direitos Humanos e as expressões simbólicas islâmica de umma(comunidade), hindudedharma(harmonia cósmica que envolve o ser humano e todos os demais seres) e africana/bantu de ubuntu (princípio do compartilhamento de cuidado mútuo); pertencendo a culturas profundamente distintas e situando-se em campos sociais diversos, as quatro noções expressam preocupações convergentes com a dignidade humana.
Livio Osvaldo Arenhart


MASOLO, Dismas A. Filosofia e conhecimento indígena: uma perspectiva africana. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009, p. 507-527.
PANIKKAR, Raimundo. Paz e Interculturalidad: una reflexión filosófica. Barcelona: Herder, 2006.
________. Seria a noção de direitos humanos um conceito universal? In: BALDI, César Augusto (Org.). Direitos Humanos na Sociedade Cosmopolita. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 205-238.
________. Religión, filosofia y cultura (2000). http://them.polylog.org/1/fpr-es.htm . Consultado em 17/10/2007.
RAMOSE, Mogobe B. Globalização e ubuntu. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009, p. 168-171.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Disponível em: www.ces.uc.pt/bss/documentos/sociologia_das_ausencias.pdf.

SANTOS, Boaventura de Souza. Por uma concepção multicultural dos Direitos Humanos. In: BALDI, César Augusto (Org.). Direitos Humanos na Sociedade Cosmopolita. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 239-277).

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O Teatro Como Experiência Estética: encontro de 18 de setembro de 2014

Nessa etapa a Oficina “Teatro Como Experiência Estética” , realizada em Porto Xavier – RS, priorizou a experiência vivenciada a partir de jogos e exercícios que preparam para a atuação cênica. Esses exercícios e jogos possibilitam trabalhar elementos básicos, como: o conhecimento de si e a relação com os outros; a atenção e a concentração; a confiança mútua; o trabalho em grupo; a expressão corporal; o ritmo, etc. Também foram realizadas atividades para trabalhar aspectos técnicos do teatro, como:  foco, criação de personagens e espaço cênico.
Além desses itens, a oficina propôs a discussão de temas importantes, como: a relação entre o teatro e o conhecimento; a relação entre o teatro e a escola e as diferentes linguagens teatrais.
Segundo Bertolt Brecht, o “teatro, com suas reproduções do convívio humano... Tem de surpreender seu público, e chegar a isso por uma técnica que torne o que lhe é familiar em estranho”. Ainda segundo o autor, o teatro pode contribuir para que o sujeito possa estabelecer novas relações com o mundo e consigo mesmo. Assim, o conhecimento pode se constituir a partir de um novo parâmetro, o distanciamento. Brecht destaca:  “Distanciar um fato ou caráter é, antes de tudo, simplesmente tirar desse fato ou desse caráter tudo o que ele tem de natural, conhecido, evidente, e fazer nascer em seu lugar espanto e curiosidade”                                           
A Oficina integra as atividades do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF), desenvolvido pelo Ministério da Educação em cidades de fronteira do Mercosul  e países envolvidos: Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
O Teatro Como Experiência Estética, oficina coordenada pela atriz Maristela Marasca, propõe a observação e a reflexão sobre as experiências estéticas cotidianas e nas linguagens teatrais. Participaram dessa oficina professores de diversas áreas do conhecimento, que atuam em escolas envolvidas com o Programa. O encontro foi realizado no Instituto Estadual de Educação São Xavier.


sábado, 20 de setembro de 2014

A construção das usinas Panambi e Garabi

No dia 23 de agosto ocorreu o encontro do PEIF, na Escola Estadual de Ensino Médio Carlos Bratz, na Linha São Carlos, interior do município. Participaram do encontro, a equipe do PEIF,  os alunos da escola,  monitoras do programa Mais Educação e os professores da instituição.
O professor Gilberto Corazza, iniciou explicando a importância do PEIF, que veio para auxiliar a escola. Em seguida, um grupo de alunos apresentou o projeto de pesquisa que realizou, o qual constitui-se em um trabalho sobre as usinas Garabi e Panambi, que  afetarão diretamente o município de Porto Xavier  e  a região.
Os estudantes alertaram para um problema que irá ocorrer com o abastecimento de água do município quando a barragem for construída, pois até o momento a água que é consumida pela população advém do Rio Uruguai e, pelo fato da água estar em constante fluxo, o tratamento realizado pela CORSAN, garante a qualidade da água consumida. Mas com a criação da barragem a água permanecerá parada e irá ocorrer o acúmulo do lixo e a proliferação de bactérias que os tratamentos realizados pela CORSAN, provavelmente não  conseguirão controlar diminuindo, assim, a qualidade da água que será oferecida aos munícipes. Destacaram que inúmeras espécies de peixe  desaparecerão do rio, por serem espécies que necessitam de água corrente, bem como o crescimento descontrolado dos peixes piranha, os quais irão atacar as demais espécies e gerar o desaparecimento das mesmas.
Foi abordado que os animais que residem na região costeira, terão que migrar para outras áreas gerando assim o desequilíbrio ambiental.
Através da construção das barragens o Rio Uruguai irá atingir a marca de 89 metros acima do nível do mar, ou seja, em Porto Xavier irá alagar 13 metros, fazendo com que inúmeras famílias necessitem abandonar suas residências, mudando-se para outras áreas do município ou mesmo da região. Na região serão atingidos 18 municípios de forma direta, bem como, cerca de 213 pescadores brasileiros registrados, irão perder sua forma de sustento, sendo que deste 135 são do município de Porto Xavier e não possuem extensões de terra, gerando assim a dificuldade de receberem qualquer valor indenizatório. Os alunos destacaram que realizaram entrevistas com vários pescadores e todos se posicionaram contra a construção das barragens.
O segundo grupo de alunos, apresentou o seu trabalho realizado referente às barragens, destacando, inicialmente, o aumento considerável do consumo de energia da população e a diminuição do petróleo, o qual segundo eles irá extinguir-se dentro de 50 anos, em função do seu consumo desenfreado. Apresentaram um breve histórico da energia hídrica, inicialmente  utilizada para mover  a roda d'água. No século XVIII foram realizadas descobertas físicas da água que geraram a descoberta real do potencial que a água possui como fonte de energia. O Brasil adota em grande escala a geração de energia através do uso da água, em função da sua abundância no território e das planícies acidentadas sendo que o país possui a segunda maior hidrelétrica do mundo.
Os alunos também trouxeram os problemas que a construção das barragens irão gerar a nível local e regional. Conforme suas pesquisas, identificaram que a construção do lago artificial, irá mudar a umidade do ar e assim influenciar a frequência das chuvas, gerando um desequilíbrio ambiental de grandes proporções.
O Rio Uruguai possui 1700 km de extensão, e já foram construídas sete usinas hidrelétricas ao longo de sua extensão. A construção de mais duas hidrelétricas irá gerar grandes perdas dos pontos turísticos do Rio Uruguai e também atingir as reservas legais existentes, já que 100 000 ha de terra serão inundadas, gerando uma perda irreparável à fauna e flora.
Outro grande problema apontado pelos estudantes consiste em: Para onde vão os agricultores que necessitam abandonar suas propriedades? Porque, apesar de possivelmente receberem uma indenização, esta dificilmente será suficiente para reestruturar as propriedades em outros locais. Destacaram que das sete usinas já existentes no Rio Uruguai, apenas duas estão nas mãos de empresas brasileiras, ou seja, a riqueza produzida por aqui, não fica aqui, vai para fora.
Deixaram claro também que as informações que chegam a população de Porto Xavier referente a construção da barragem, são “duvidosas” e distorcidas, nunca claras e objetivas.
Uma informação que era repassada para a população, a  respeito da construção da barragem, afirmava que nunca mais iria ocorrer uma cheia, pois as barragens impossibilitam esse fenômeno natural, porém nos últimos dias o município e toda a região enfrentaram a maior cheia da história. Ao final os alunos realizaram um apelo da grande necessidade da comunidade se unir e lutar contra as barragens.
O professor Corazza,  fez  referência sobre a Marcha Mundial das Mulheres, que no ano de 2005, passou por Porto Xavier e durante esse percurso pelo mundo criou a Carta da Marcha Mundial das Mulheres para a Humanidade. Destacou, também, a importância que a escola tem para auxiliar a comunidade a realizar uma análise crítica sobre a construção das barragens.
Braga ao fazer uso da palavra, destacou que participa a mais de 15 anos da luta contra as barragens. Enfatizou que não é contra o desenvolvimento e, sim, a forma como este desenvolvimento está sendo realizado. Citou o exemplo da serragem que é produzida em Misiones, e que se esta fosse utilizada como matéria-prima para a produção de energia, não seria necessário construir as duas barragens, lembrando que as barragens não são uma forma de produção de energia limpa e gera altos índices de gás metano. Trouxe um dado muito interessante no qual consta que a organização mundial da saúde é contra a construção de barragens em lugares de clima subtropical, pois estas acabam gerando muitas doenças, como a dengue, esquistossomose, malária, dentre outras. Apontou ainda que a água é um bem essencial para a nossa vida e que devemos defendê-la, além de que, as terras que serão submersas são extremamente férteis. Só na Argentina mais de 250 hectares de floresta serão atingidos.
Já a diretora da escola foi bem objetiva quando destacou que eles temem pela extinção da escola, pois grande parte de seus alunos serão atingidos pelas barragens e necessariamente terão que ir para outro lugares, enfraquecendo assim o grupo escolar, a ponto da escola fechar nos próximos anos.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A Problemática do Diálogo Intercultural

No dia 14 de agosto, ocorreu a oficina do professor Lívio  Arenhart, da UFFS- campus de Cerro Largo, com o tema: A problemática do diálogo intercultural, na Escola Estadual Antônio Fioravante -CIEP. A seguir, disponibilizamos uma resenha, produzida pelo professor Lívio, acerca das questões enfocadas no encontro.
                Distinguindo-se das posições mono e multiculturalista, a postura de quem promove o diálogo intercultural foca ao mesmo tempo as necessidades humanas do pertencimento comunitário, do acesso aos recursos econômicos e simbólicos e da conexão às redes informacionais. Enfrenta os problemas da diferença cultural, da desigualdade social e da desconexão comunicacional. Essa posição desvia da forma binária de pensar, que, indolentemente, opõe dominados e dominadores.
            Na perspectiva do interacionismo simbólico, a problemática da interculturalidade implica lidar com os contextos institucionais como ordens negociadas em que se mesclam formas de vida de múltiplos grupos que, pragmaticamente, constituem-se como polos de poder, demandando e negociando a realização de seus fins e valores.
            Levando-se em conta que o império capitalista (promete, mas) não proporciona trabalho, educação, saúde e o atendimento de outras necessidades humanas, torna-se plausível que as comunidades populares não se subordinem completamente à lógica da acumulação capitalista. A vida social deve, portanto, ser vista como se movendo segundo lógicas diversas. Uma dessas outras lógicas é a da luta pelos direitos fundamentais, expressão ético-axiológico-jurídica das necessidades humanas não satisfeitas. Onde e quando as lógicas sociais se revelam contraditórias, os conflitos se desdobram também na forma de luta cultural-simbólica, dando lugar à imaginação de outras formas de vida nos mitos, na literatura, nas histórias em quadrinhos, etc. Como a lógica dominante não consegue subsumir as outras, éimpossível viver social, cultural e informacionalmente em um único mundo.
            Assim, apesar de seus sofrimentos, pelo fato de viverem em mundos diversos, os migrantes e os exiladossãoa principal referência para pensar a interculturalidade. Por referência a eles, a reconstrução de nossas identidades exige uma inteligência de passagem. As identidades são móveis, recombináveis, mescladas, híbridas, figuráveis por metáforas. Daí a importância da metáfora da hibridação para pensar o diálogo intercultural. A hibridação desautoriza nossa pretensão de subsumir os outros a nossos esquemas de pensamento. Cobra-nos reconhecermos que não sabemos como chamar os outros. Os outros nos interpelam a partir de fora de nosso horizonte de sentido.
            Entretanto, isso não nos autoriza a ficarmos acomodados em visões fragmentadas do mundo. O princípio da emancipação, uma das promessas que a forma capitalista de vida social não consegue cumprir e que orienta a luta social, cultural e informacional pela efetivação dos direitos fundamentais, impede que percamos de vista a referência à totalidade e que nos atenhamos à celebração conservadora dos fragmentos. A articulação desse princípio com a metáfora da hibridação faz-nos buscar um mundo culturalmente, assim como biologicamente, colorido, múltiplo, heterogêneo, por oposição à homogeneização promovida pelo império capitalista.
            Aliás, é precisamente a compreensão dessa tendência homogeneizante do capitalismo que nos permite ver o lado positivo do etnocentrismo, tão criticado pela posição multiculturalista. Para qualquer grupo (politicamente) minoritário, o reconhecimento da incompletude e da relatividade de sua forma cultural de vida pode resultar em autodestruição coletiva. O etnocentrismo deve ser visto como uma posição de autodefesa em relação à lógica avassaladora do império capitalista, cuja cultura exerce um efeito cáustico sobre as culturas dos grupos minoritários, quando estes não levantam defesas vigorosas de seus segredos culturais, mesmo não excluindo a demanda pelos mais avançados meios tecnológicos de comunicação.
            Um aspecto importante do diálogo intercultural é que ele se respalda numa postura de respeito à dimensão mítico-simbólica da vida dos interlocutores de outra cultura, dimensão em que as comunidades conferem sentido a sua vida. Não convém aos interlocutores de culturas diferentes pretenderem, mediante distinções conceituais e argumentos, a construção de sínteses teóricas entre as culturas. Ninguém pode colocar-se em lugar de sobrevoo para tal. Por isso, tanto a agenda quanto o método do diálogo intercultural terão de ser construídos no percurso. Naturalmente, isso não exclui, ao contrário, implica a compreensão das razões e/ou motivações pelas quais os outros creem no que creem, fazem o que e como fazem. Não se pode amar algo sem que se tenha um mínimo de familiaridade com esse algo.

Livio Osvaldo Arenhart

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

MASSINHA DE MODELAR NAS TÉCNICAS DE ANIMAÇÃO DIGITAL DO PEIF

No último encontro de Cultura Digital e Intercâmbio Cultural do PEIF (08/09), em Porto Xavier, a turma deu continuidade ao processo de construção de cenário e personagens para a animação em stop motion, Para esta etapa, a utilização de massinha de modelar para confecção de bonecos articuláveis foi uma grande diversão. Você sabe como é o processo de produção de um filme desse tipo?

Passo a passo
1. O roteiro é escrito, com as cenas e seus diálogos. A partir dele os animadores criam uma versão rabiscada de como será cada cena.
2. Os bonecos são esboçados no papel. Com base nesses desenhos, são construídos os esqueletos que sustentarão os bonecos.
3. O esqueleto, que pode ser simplesmente de arame ou feito com engrenagens minúsculas de precisão (nesse caso, utilizamos palitos), é revestido com o material que dará forma aos bonecos: a massinha de modelar.
4. Os bonecos podem ganhar roupas de pano e outros acessórios. Para transmitir emoção, vários tipos de olhos, sobrancelhas e bocas podem ser modelados para serem movimentados e/ou substituídos durante a animação.
5. Enquanto isso, outra galera trabalha no cenário feito na escala dos personagens, baseados em desenhos ou até em plantas 3D feitas em computador ou maquetes, como no nosso caso.
6. Hora de gravar! Os animadores fotografam os bonecos, tirando até 24 ou 30 fotos para cada segundo de filme. Depois, a sequência das imagens é organizada no computador, convertida para um vídeo ou impressa na película.
7. Por último, com um programa de computador, um laboratório ou um técnico mixa as imagens unindo vozes, trilha sonora e imagens. Pronto, agora é só rodar e assistir!

Quer se divertir um pouquinho antes de ver o nosso trabalho final? Espia essa animação de uma oficina do Anima Mundi:


Texto: Marjorie Bier

terça-feira, 26 de agosto de 2014

TÉCNICAS DE ANIMAÇÃO DIGITAL EM ENCONTRO DO PEIF

No último dia 25, a turma de formação do PEIF de Porto Xavier teve contato com técnicas de produção cinematográfica a partir dos processos de animação, como parte do encontro de formação de Cultura Digital e Intercâmbio Cultural, com Marjorie Bier.

A ideia de se registrar imagens em movimento rendeu muitos frutos ao mundo das Artes e da Comunicação. No final de 1820, a fotografia havia solucionado o problema do registro de imagens do mundo real, algo que a pintura, até então não havia solucionado em sua totalidade (embora tecnicamente muitos artistas tenham alcançado níveis de altíssima precisão - basta ver as pinturas de Jean-Auguste Dominique Ingres (1780 -1867), por exemplo. Mas as imagens registradas pela fotografia eram estáticas. Veio então o cinema surgido da necessidade de se registrar o movimento, o que foi solucionado pela possibilidade de projetar com certa velocidade uma sequência de fotografias. O curto intervalo de projeção entre uma imagem e outra faz com que nossos olhos e nosso cérebro entendam esse conjunto como um movimento contínuo. O cinema de animação surgiu como uma possibilidade de união entre a fotografia, o cinema e tradicionais técnicas das artes plásticas como o desenho e a pintura. Como arte sequencial, as histórias em quadrinhos já haviam lançado a ideia de contar o desenvolvimento de uma história quadro a quadro. Agora a aventura seria "dar vida" a esses quadros, criar movimento.

Modelo de Flipbook
Para dar início às atividades, a turma foi desafiada a criar um flip book (coleção de imagens organizadas sequencialmente, em geral no formato de um livreto para ser folheado dando impressão de movimento, criando uma sequência animada sem a ajuda de uma máquina), usando ferramentas de uso comum na sala de aula: folha A4 cortada em 4 partes (6 folhas para 24 desenhos), canetinha preta e janela com iluminação vindo por trás do vidro. A técnica implica em desenhar o personagem em uma folha de papel e sobrepor a esta outras folhas (translúcidas) de mesmo tamanho de modo que em cada uma delas se copie a imagem de baixo, alterando levemente a posição, construindo assim por meio de um conjunto de folhas a sequência do movimento. Sugira a eles que neste primeiro momento optem por formas simples que favoreçam a sua multiplicação. Os desenhos poderão ser coloridos ou não. Os conjuntos poderão ser grampeados, perfurados e presos com grampos ou mesmo encadernados.

Depois de entenderem e debater sobre a técnica, o grupo foi convidado a conhecer um pouco mais sobre o Stop Motion: técnica de animação fotograma a fotograma (ou quadro a quadro), usando como recurso uma máquina de filmar, uma máquina fotográfica, câmera do celular ou um computador. Utilizam-se modelos reais em diversos materiais, e os mais comuns são a massa de modelar ou massinhas. Antes de botar a mão na massa, a turma pode assistir um curta de animação chamado Gulp:


Como a temática dos encontros do PEIF é a interculturalidade entre as fronteiras (Porto Xavier/ Brasil e San Javier/ Argentina), foi proposta para a turma a criação de um curta de animação em Stop Motion que aborde as semelhanças entre as cidades gêmeas e que, também, leve em consideração fatos como a enchente que aconteceu recentemente e a construção das barragens que poderão submergir boa parte dos municípios. Para isso, nesse dia, o grupo começou a construir uma maquete que servirá como cenário para essa produção. 

As imagens desse dia você vê abaixo... e aguarde as cenas dos próximos capítulos!


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS DA HERMENÊUTICA DIATÓPICA PROPOSTA POR RAIMON PANIKKAR

                                                                                        

 Livio Osvaldo Arenhart1


Resumo: A hermenêutica diatópica foi proposta por Raimon Panikkar como metodologia de diálogo intercultural. Orientar-se por essa metodologia não se limita a aplicar uma técnica de interpretação. Implica saber operar com algumas distinções conceptuais, que a sustentam e legitimam: conceito/símbolo, logos/mythos, alius/alter, multiculturalismo/interculturalidade. A explicitação e articulação adequada desses pares conceptuais, entre outros, formam o marco categorial pressuposto pela hermenêutica diatópica. 
Palavras-chave: diálogo intercultural; hermenêutica diatópica; mito; alteridade; Direitos Humanos.

terça-feira, 29 de julho de 2014

A Crise Climática e Ambiental Planetária e Seus Impactos Regionais

Na manhã do dia 21 de julho, aconteceu a oficina do professor da UFFS- campus de Cerro Largo, Gilberto Corazza, com o tema: A Crise Climática e Ambiental Planetária e Seus Impactos Regionais, na Escola Estadual Antônio Fioravante -CIEP. A seguir, disponibilizamos uma resenha, produzida pelo professor Corazza, acerca das questões enfocadas no encontro.


1 - Tema geral: A Crise Climática e Ambiental Planetária e Seus Impactos Regionais.
2- Alguns conceitos básicos:
3.1- CRISE SISTÊMICA E DE  CIVILIZAÇÃO: 
O mundo vive em escala planetária mais uma crise cíclica do sistema capitalista, que teve início em 2008, mas que esta  produzindo grandes impactos sociais e econômicos, principalmente, com regressão das atividades econômicas, com desempregos e cortes de salários, e com cortes dos orçamentos públicos das áreas sociais, como saúde, educação etc. Claro, estes recursos são destinados para salvar as grandes corporações, especialmente, o sistema financeiro.
A crise civilizatória esta relacionada ao  modo de vida dominante marcado pelos princípios do produtivismo e do consumismo sem limites, onde predominam os valores éticos e morais do individualismo, do egoísmo,  da competição e da indiferença com a Natureza e com os outras pessoas em geral, o que tem levado a um mal estar geral e falta de sentidos para vida humana, que se  manifesta na banalização da violência e da dignidade e dos Direitos Humanos. Assim, coloca-se com muita intensidade a perspectiva de um novo rumo geral para a história geral e regional.
3.2- CRISE CLIMÁTICA E AMBIENTAL:
Possivelmente, muito mais grave e profunda de toda a História da Humanidade no Planeta, pois se relaciona com o processo do aquecimento global e produção cada vez mais intensa dos denominados “fenômenos extremos” em muitas regiões do mundo, como são as enchentes e estiagens e secas, o calor cada vez maior e os frios muito intensos, os vendavais e tornados, os furacões e falta de água potável para milhões de pessoas.
Nota: o 5º relatório do painel intergovernamental sobre mudanças climáticas lançado em março-2014, adverte: o impacto do aquecimento global será “grave, abrangente e irreversível”. Impacto nas colheitas, aumento de desastres devidos aos fenômenos climáticos extremos, como enchentes e as secas que afetam a disponibilidade de água para milhões de pessoas. Essas previsões não acontecerão num futuro remoto. Elas já estão presentes.
As unidades de conservação – UCS. Nos últimos anos perdemos 5,2 milhões de hectares das UCS e apenas duas novas foram criadas. Os índios, guardiões de nossas florestas biodiversas, têm sido alvo de ataques sistemáticos de setores produtivos, como mineração e agropecuária, de olho em mais terras para expansão de suas atividades. E não é só isso, mais de mil espécies da fauna brasileira correm risco de extinção.
Embora haja um consenso mundial de que a degradação ambiental é um sério impedimento para qualquer projeto de desenvolvimento econômico ou social, para alguns políticos, empresários e ruralistas, a preocupação ambiental é uma conspiração para impedir o país de crescer. Afinal, “todo mundo sabe que para crescer é preciso destruir a natureza”.(A Reportagem é de Márcia Pimenta, publicada por Envolverde05-06-2014).
3.3 - A DEFESA DOS “BENS COMUNS E DO BEM VIVER”:
Os desafios político-pedagógicos  na acepção de Paulo Freire, são fundamentalmente, as opções pdedagógicas e educacionais que precisamos trabalhar a luz da leitura da realidade local, regional e  planetária, pois as opções que podem contribuir na perspectiva de superação das crises acima citadas e da constituição de um novo modo de vida, de construção de sujeitos protagonistas de um projeto societário marcado pela justiça social e ambiental, a luz de novos paradigmas como a defesa dos “bens comuns e do bem viver”.
Os “bens comuns” relacionam-se com o conjunto dos bens materiais e imaterias(culturais) que podem ser considerados como o patrimônio da humanidade, ou seja, que são de máximo interesse da coletividade e vitais para a possibilidade de uma futuro com dignidade. Como exemplo, poderíamos citar a biodiversidade, as florestas, o ár e as águas, as sementes, etc.  O “bem comum” é proveniente dos povos indígenas, em especial dos povos andinos, que propõem um modo de vida marcado pela simplicidade e bom senso, pela harmonia com a “mãe natureza” e com as pessoas em geral, pela cultura  de paz e diálgo e solidariedade com todas as espécie de vida sofrem e são ameaçadas de extinção.
Nota: a grande referência que estamos propondo como diretriz geral para a questão da crise climática e ambiental é a “Conferência dos Povos sobre Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra”, que reuniu na Bolívia, em abril de 2010, em torno de 35 mil pessoas e lutadores e propõe a criação do “Movimento Mundial Dos Povos Pela  Mãe Terra”, e, propondo que a “Mãe Terra” e não o antropocentrismo, seja o eixo organizador das relações com a natureza. O evento propõe um referendo mundial sobre mudanças climáticas e critica o sistema capitalista por tranformar a natureza em  mera mercadoria.  As conclusões completas estão presentes no documento denominado “Acordo dos Povos”(o Acordo dos Povos completo está disponível em: http://cmpcc.Org/).
4- OS CONFLITOS AMBIENTAIS REGIONAIS
4.1 - GRANDES REPRESAS DE GARABÍ E PANAMBI
Como já salientamos, a região Missões e Fronteira Noroeste do RS, enfrentarão no próximo período o  maior conflito ambiental e energético de sua história, pois exatamente nesta região de fronteira, incluindo o município de Porto Xavier e mais 19 municípios desta duas regiões, envolvendo uma área em torno de 100 mil hectares no lado brasilileiro e mais,  em torno de 40 hectares no lado argentino, nas Provincias de Misiones e  de Corrientes, compreendendo mais de 10 mil pessoas atingidas diretamente. Trata-se dos projetos de duas grandes repressas sobre o rio Uruguai: Garabi e Panambi, que em sendo executadas causarão enormes impactos ambientais e sociais, e poderão destruir todo um patrimônio imaterial da região, ous seja, são histórias de vidas e de comunidades e instituições que poderão ser extintas em definitivo e, que não podem ser pagas com nenhum valor monetário.
Esta havendo enorme apreensão e angústia na região, pois em nome de uma concepção desenvolvimentista e com discuros em base a “mitos do desenvolvimento” apresentam-se os projetos como sinônimo de “redenção econômica” da região. Na verdade, são promessas e ilusões, pois trata-se de uma região basicamente constituída pela agricultura familiar, populações ribeirinhas de pescadores profissionais artesanais e, que desenvolvem suas atividades econômicas e, mediante a implantação das duas usinas hidroeléticas, teremos o fato dos “lucros cessantes”, que com certeza possuem muito maior relevância econômica do que qualquer retorno futuro a partir do processo de geração de energia.
Muitas entidades e organizações da sociedade civil estão realizando um forte trabalho de mobilização, de  resistência e de organização a partir dos atingidos em vista de  que os governos do Brasil e da Argentina procedam uma reavaliação e tomada de posição, no sentido de respeitar os direitos da população de área em questão. Entre as entidades e organizações que vêm desenvolvendo um intenso trabalho de esclarecimento e mobilizaçaõ está a Diocese de Santo Ângelo, o Movimento dos Atingidos pelas Barragens - MAB e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, a IECLB .
4.2 – AS ENCHENTES DE FINAL DE JUNHO E INÍCIO DE JULHO DE 2014
Considerada a maior enchente dos últimos 30 anos, que causou enormes impactos em  um conjunto de municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, no Brasil e também na região de fronteira do lado argentino. Como afirma a nota “Pauta dos atingidos pelas enchentes e fortes chuvas no sul do Brasil, a maior e mais violenta enchente dos últimos 30 anos”. Dados da defesa civil contabilizam mais de 100 municípios, ao menos 3 mil famílias desalojadas e uma quantia ainda maior de famílias camponesas, ribeirinhas e pescadores que foram atingidas pelas elevadas precipitações e enchentes nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O documento segue fazendo alertas e sublinhando causas mais profundas, que são ocultadas nestes casos de eventos extremos, como a enchente em questão:
“É comum, nestes momentos, usar o desastre em favor do aproveitamento político e da constituição de uma “indústria dos desastres ambientais” que toma corpo em nível nacional com a elevação deste tipo de evento nas mais diversas regiões do país. Esta “indústria” age na comunicação escondendo, descontextualizando e naturalizando as causas dos desastres: a mãe natureza é ré em todos eles. Ademais agem no sentido de impedir os atingidos de participarem na eleição das pautas e soluções para suas necessidades.
A compreensão dos desastres ambientais passa, ao nosso ver, para além das causas naturais mais visíveis, no referido caso, as elevadas precipitações das últimas semanas. Temos que compreender os desastres ambientais num contexto mais amplo, no qual destacamos os seguintes aspectos”.
Porém entre as razões efetivas, deve ser considerado a seguinte:
“As mudanças climáticas ocasionadas pelo aquecimento global - “efeito estufa” – que, por sua vez, possui por causa a destruição ambiental (desmatamento, queimadas), a expansão do modelo do agronegócio que faz agricultura destruindo o meio ambiente através de venenos, adubos químicos petrodepedentes e o modelo energético em geral. Os Estudos apontam que as mudanças climáticas atuarão no sul do Brasil causando maiores extremos climáticos: aumento das precipitações e das estiagens e secas”. 

Outra razão elencada é exatamente relacionada às grandes represas:
” É relevante destacar que as grandes enchentes ocorridas em nível nacional nos últimos meses ocorreram em áreas de grandes barragens. Se não podemos afirmar que as barragens são causas dos desastres podemos afirmar que um dos argumentos justificadores para construção das barragens – regular o fluxo de água dos rios evitando possíveis enchentes – foi por água  abaixo”.  

Texto: Gilberto Corazza








domingo, 27 de julho de 2014

O Teatro Como Experiência Estética.

Encontro de julho/2014

Novo encontro com professores pelo Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF) em Porto Xavier – RS e realização da Oficina "Teatro Como Experiência Estética". O programa é desenvolvido em cidades de fronteira do Mercosul pelo Ministério de Educação do Brasil e países envolvidos: Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
A Oficina foi coordenada pela atriz Maristela Marasca, com a proposta de observar, enriquecer e incentivar a reflexão sobre as experiências estéticas presentes na vida humana. Foram desenvolvidas atividades como: jogos e exercícios teatrais, confecção e uso de máscaras e noções sobre Estética. O encontro foi realizado na Escola E. Antônio Fioravante - CIEP.

Segundo Adolfo Sánchez Vázquez, a Estética “ é a ciência de um modo específico de apropriação da realidade, vinculado a outros modos de  apropriação humana do mundo e com as condições históricas, sociais e culturais em que ocorre.”

O autor considera que a relação estética do homem com o mundo caracteriza-se sobretudo pela relação sensível (sensorial) que estabelecemos com as coisas. Daí a origem do termo estética, do grego “aisthesis”.
Como podemos enriquecer nossas experiências estéticas? Essa é uma questão que podemos fazer enquanto seres humanos e educadores. Uma das áreas que pode contribuir para aprofundar nossas relações estéticas é o teatro.





A seguir, algumas fotos da oficina com a professora Maristela Marasca:


















Projetos de Aprendizagem e Mapa Conceitual Escola João Manoel Correa e Escola Antonio Fioravante

No último dia 23 de novembro de 2015, as formadoras do PEIF Aline Madrid e Graciele Fabrício, acompanhadas da supervisora do programa em Por...