segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Projetos de Aprendizagem na Prática Pedagógica

No dia 08 de setembro foi realizado, na Instituto Estadual de Educação São Francisco Xavier, mais uma oficina do Programa Escolas Interculturais de Fronteira, ministrada pela professora Neusete Machado Rigo, da UFFS – Campus Cerro Largo. Com o tema “Projetos Pedagógicos”.
Nesse encontro as professoras tiveram a oportunidade de apresentar suas propostas inicias de projetos de pesquisa, os quais desejam realizar com seus alunos.

Foi um encontro muito interessante porque as professoras trouxeram suas práticas com projetos desenvolvidos em outros momentos e estes serviram de “ponta pé inicial” para o planejamento de outros. Assistimos a um vídeo produzido por uma das professoras sobre um passeio que os alunos haviam realizado nas águas do rio Uruguai. A partir dalí criamos um planejamento viável, como um exemplo do que poderia ser feito a seguir:

Título do projeto: “O rio que nos une/separa”

Aspectos a pesquisar:

1. Como vivem as pessoas às margens do rio? (sua vida, seus credos, moradia, alimentação, arte, sonhos, esperanças...)
2. A importância do rio Uruguai para essas pessoas.
3. As relações entre o Brasil e Argentina.
4. As enchentes: seus efeitos, suas origens...
5. As barragens: benefícios, prejuízos...

Como fazemos a pesquisa? (metodologia)
1. Passeios
2. Entrevistas
3. Observações
4. Maquetes
5. Pesquisas bibliográficas

Quando faremos?

Quem participará?

O que faremos para socializar/sistematizar o que pesquisamos?


PROJETOS DE APRENDIZAGEM

No dia 14 de agosto, ocorreu mais uma oficina da professora Neusete Machado Rigo, da UFFS- campus de Cerro Largo, na Escola Estadual Antônio Fioravante -CIEP. A seguir, disponibilizamos o esquema utilizado no encontro.
1. Objetivo:Planejar a organização dos projetos de aprendizagem para serem propostos nas turmas com os alunos.
2. Desenvolvimento:
2.1. Retomar a proposta de projeto iniciada no encontro anterior. Em grupos organizar a proposta: qual é o problema, o que sabemos, o que queremos saber, como vamos fazer para saber? Socialização das propostas.
2.2.Planejar o trabalho a ser encaminhado com os alunos. Definir como vamos problematizar a realidade para que os alunos possam perceber um problema: um vídeo, recortes de jornal, músicas...
Definir:

O QUE
COMO
QUANDO










2.2 COMO PODEMOS TRABALHAR COM PROJETOS DE PESQUISA EM SALA DE AULA?
1. Levar os alunos a observarem a realidade para pensar uma problemática que envolve a diversidade cultural.
Como fazer?
Partir de uma PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL, que pode ser: um vídeo, uma notícia, uma figura, fotos...

Ex 1: Diversidade cultural: Raça


Observe as frases abaixo:
1.”Meninas não devem brincar com meninos.”
2.”Mamãe é a rainha do lar, papai é o chefe da casa”.
3 “Meninas não jogam bola, brincam com bonecas”
4.”Homem não chora”.
O que você pensa sobre elas?
Para dialogar:
1.Na tua opinião existem comportamentos, brincadeiras, jogos, trabalhos, cores... que são para os meninos e outros que são para as meninas?
2.Na relação entre meninos(homens) e  meninas(mulheres) existe um que é melhor ou mais que o outro, ou que possua mais direitos que o outro?
2. Organizar com os alunos o trabalho de pesquisa:
Como fazer?
1. Definir a temática.
2. Apresentar o problema.
3. O que queremos saber sobre?
4. Por que queremos saber isso?
5. Como faremos para saber o que queremos?
Este é o momento de planejamento que os alunos elaborarão para dar visibilidade ao estudo que querem fazem. É um momento que precisa da orientação do professor.
3. Acompanhar o trabalho de pesquisa sugerindo, disponibilizando material, ajudando a organizar o material, orientando em alguma escrita ou outro tipo de produção.
4. Socializar os estudos produzidos pelos alunos.
VÍDEO BONECA NEGRA

            
O encontro tinha por objetivo encaminhar com as professoras possibilidades para pensar um projeto de pesquisa com os alunos, relacionado à interculturalidade. Por isso, trouxemos como elementos problematizadores questões realacionadas ao negro e à questão de gênero. Assistimos a um vídeo que apresenta uma pesquisa realizada com crianças brancas e negras nos EUA, o qual demonstra como elas estão subjetivadas a aceitar o branco e a negar o negro, adjetivando este como mau, feio e “não amigo”. Isso as leva a atitudes de preconceito e discriminação. Outra reflexão realizada a partir das tirinhas da Mafalda, tinha como foco a questão de gênero, como uma discussão necessária para repensar as práticas que vivenciamos na escola, na família e na sociedade.
            A partir desses dois temas encaminhamos para que as professoras pensassem em suas escolas possibilidades de construir propostas coletivas de trabalho, que partissem das leituras de mundo que os alunos conseguem fazer e assim, planejar pesquisas que venham a responder aos seus questionamentos.
            Foi uma manhã de discussão em que “desenhamos” possibilidades para que os projetos de pesquisa estejam presente nos currículos das escolas e, desta forma, possamos modificar pensamentos e realidades acerca do contexto cultural em que vivemos. 

O Teatro Como Experiência Estética Encontro de Outubro/2014

No dia 18 de outubro, a Oficina “Teatro Como Experiência Estética”, realizada em Porto Xavier – RS, desenvolveu noções sobre bonecos de manipulação a vista, jogos e exercícios preparatórios, elementos técnicos do teatro e improvisação de pequenas cenas.
Os professores participantes da oficina confeccionaram um protótipo de boneco de manipulação à vista, a partir da utilização de materiais simples, como folhas de jornal. Em seguida, realizaram exercícios de manipulação em dupla do boneco, explorando movimentos e ações.
Os exercícios e jogos preparatórios desenvolvidos na oficina possibilitam trabalhar elementos básicos, como: foco; percepção; ritmo; atenção e concentração; o trabalho em grupo; a expressão corporal;  respiração, etc.
Já os exercícios técnicos e a improvisação de cenas permitem abordar alguns elementos fundamentais para o fazer teatral, como: criação de personagens, espaço cênico e ação. Além desses itens, a oficina também propôs a discussão sobre as etapas e conceitos implicados na criação de um espetáculo de teatro. Os participantes da oficina puderam conhecer, através de imagens, um pouco do processo de trabalho do Grupo de Teatro A Turma do Dionísio, que atua na área há mais de 28 anos e pesquisa a interação entre o teatro de atores e o teatro de Formas Animadas.
Para a pesquisadora Ana Maria Amaral, a expressão Teatro de Formas Animadas abrange um amplo campo da produção teatral, que inclui o teatro de bonecos, o teatro de máscaras e o teatro de objetos. O termo “forma” é usado pela autora para “expressar a materialização de uma ideia” e está relacionado à ideia de animação, ou seja, à possibilidade de provocar uma espécie de “ilusão de vida” a algo inanimado. É a relação entre movimento e energia que possibilita essa ilusão.
O Teatro Como Experiência Estética, oficina coordenada pela atriz Maristela Marasca, propõe a observação e a reflexão sobre as experiências estéticas cotidianas e nas linguagens teatrais. O encontro foi realizado no Instituto Estadual de Educação São Xavier e contou com a participação de professores de diversas áreas do conhecimento, que atuam em escolas parceiras do Programa.
A Oficina integra as atividades do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF), desenvolvido pelo Ministério da Educação em cidades de fronteira do Mercosul  e países envolvidos: Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Venezuela. 
















DIÁLOGO INTERCULTURAL REQUER ESFORÇO DE INTELIGIBILIDADE RECÍPROCA

No último dia 18 de agosto ocorreu mais um encontro do PEIF, no Instituto Estadual de Educação São Francisco Xavier. A oficina foi ministrada pelo professor Lívio Arenhart, o qual disponibilizou uma resenha sobre o encontro. 
As concepções monoculturalistasde totalidades sociais pressupunham a homogeneidade das suas respectivas partes e se admitiam como teorias gerais, inclusive, da transformação social. Uma teoria geral da transformação era considerada necessária e operacional à parte que acreditava poder representar a totalidade e se autoproclamar sujeito da história. Ora, acreditamos, hoje, que a experiência social é muito mais ampla e variada do que o que a tradição científica e filosófica ocidental conhece e considera importante. Nenhuma teoria geral pode abarcar a totalidade das experiências sociais. Como sugere Boaventura de Sousa Santos, temos que criar, hoje, o espaço-tempo necessário para conhecer e valorizar a inesgotável experiência social em curso e, simultaneamente,criar uma inteligibilidade recíproca entre experiências disponíveis e possíveis.  Este último aspecto é o que, por influência de RaimonPanikkar, ele chama de tradução intercultural.
O trabalho de tradução, neste sentido, convém ser conduzido por uma metodologia que não se limita a aplicar uma técnica de interpretação. De acordo com Panikkar, essa metodologia implica saber operar com algumas distinções conceptuais, que a sustentam e legitimam: conceito/símbolo, logos/mythos, alius/alter, multiculturalismo/interculturalidade. A explicitação e articulação adequada desses pares conceptuais, entre outros, formam o marco categorial pressuposto pela metodologia da tradução intercultural que Panikkar denominou“hermenêutica diatópica”.
Justifica-se essa metodologia tanto pelo fato de evitar o desperdício da experiência e o epistemocídio das formas de saber que não seguem exatamente os princípios e normas de ciência ocidental quanto pelo fato de proceder ao desarmamento cultural e ao diálogo intercultural e inter-religioso como condições necessárias para a solução dos grandes problemas da humanidade e para a urgente construção de um mundo de paz.
O trabalho de tradução incide tanto sobre os saberes como sobre as práticas e seus agentes. A tradução entre saberes consiste no trabalho de interpretação entre duas ou mais culturas com vistas a identificar preocupações isomórficas entre elas e as diferentes respostas que fornecem para elas. Ora, como, no diálogo entre pessoas de culturas distintas, nem sempre é possível uma comunhão conceptual, é de capital importância o pensamento simbólico, o qual não é objetivo nem subjetivo, mas essencialmente dialogal. A compreensão recíproca de pontos de vista de falantes de culturas diferentes implica certa participação num universo simbólico que não é exclusivamente epistemológico.  Com efeito, a consciência simbólica ou mítica permite-nos “ver” as coisas do nosso mundo prático numa dimensão de abertura prévia ao entendimento lógico, pelo qual podemos “observá-las” e analisá-las. Os mitos são aquilo que nos dá a base em que a uma questão enquanto questão tem sentido, que nos oferece o horizonte de inteligibilidade no qual temos necessidade de colocar não importa qual ideia, convicção ou ato de consciência para que possa ser captado pelo nosso espírito.
O melhor exemplo de tradução intercultural pela metodologia da hermenêutica diatópica são os estudos que explicitam a tensa relação simbólica entre a noção ocidental de Direitos Humanos e as expressões simbólicas islâmica de umma(comunidade), hindudedharma(harmonia cósmica que envolve o ser humano e todos os demais seres) e africana/bantu de ubuntu (princípio do compartilhamento de cuidado mútuo); pertencendo a culturas profundamente distintas e situando-se em campos sociais diversos, as quatro noções expressam preocupações convergentes com a dignidade humana.
Livio Osvaldo Arenhart


MASOLO, Dismas A. Filosofia e conhecimento indígena: uma perspectiva africana. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009, p. 507-527.
PANIKKAR, Raimundo. Paz e Interculturalidad: una reflexión filosófica. Barcelona: Herder, 2006.
________. Seria a noção de direitos humanos um conceito universal? In: BALDI, César Augusto (Org.). Direitos Humanos na Sociedade Cosmopolita. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 205-238.
________. Religión, filosofia y cultura (2000). http://them.polylog.org/1/fpr-es.htm . Consultado em 17/10/2007.
RAMOSE, Mogobe B. Globalização e ubuntu. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009, p. 168-171.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Disponível em: www.ces.uc.pt/bss/documentos/sociologia_das_ausencias.pdf.

SANTOS, Boaventura de Souza. Por uma concepção multicultural dos Direitos Humanos. In: BALDI, César Augusto (Org.). Direitos Humanos na Sociedade Cosmopolita. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 239-277).

Projetos de Aprendizagem e Mapa Conceitual Escola João Manoel Correa e Escola Antonio Fioravante

No último dia 23 de novembro de 2015, as formadoras do PEIF Aline Madrid e Graciele Fabrício, acompanhadas da supervisora do programa em Por...