sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O Teatro Como Experiência Estética: encontro de 18 de setembro de 2014

Nessa etapa a Oficina “Teatro Como Experiência Estética” , realizada em Porto Xavier – RS, priorizou a experiência vivenciada a partir de jogos e exercícios que preparam para a atuação cênica. Esses exercícios e jogos possibilitam trabalhar elementos básicos, como: o conhecimento de si e a relação com os outros; a atenção e a concentração; a confiança mútua; o trabalho em grupo; a expressão corporal; o ritmo, etc. Também foram realizadas atividades para trabalhar aspectos técnicos do teatro, como:  foco, criação de personagens e espaço cênico.
Além desses itens, a oficina propôs a discussão de temas importantes, como: a relação entre o teatro e o conhecimento; a relação entre o teatro e a escola e as diferentes linguagens teatrais.
Segundo Bertolt Brecht, o “teatro, com suas reproduções do convívio humano... Tem de surpreender seu público, e chegar a isso por uma técnica que torne o que lhe é familiar em estranho”. Ainda segundo o autor, o teatro pode contribuir para que o sujeito possa estabelecer novas relações com o mundo e consigo mesmo. Assim, o conhecimento pode se constituir a partir de um novo parâmetro, o distanciamento. Brecht destaca:  “Distanciar um fato ou caráter é, antes de tudo, simplesmente tirar desse fato ou desse caráter tudo o que ele tem de natural, conhecido, evidente, e fazer nascer em seu lugar espanto e curiosidade”                                           
A Oficina integra as atividades do Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF), desenvolvido pelo Ministério da Educação em cidades de fronteira do Mercosul  e países envolvidos: Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
O Teatro Como Experiência Estética, oficina coordenada pela atriz Maristela Marasca, propõe a observação e a reflexão sobre as experiências estéticas cotidianas e nas linguagens teatrais. Participaram dessa oficina professores de diversas áreas do conhecimento, que atuam em escolas envolvidas com o Programa. O encontro foi realizado no Instituto Estadual de Educação São Xavier.


sábado, 20 de setembro de 2014

A construção das usinas Panambi e Garabi

No dia 23 de agosto ocorreu o encontro do PEIF, na Escola Estadual de Ensino Médio Carlos Bratz, na Linha São Carlos, interior do município. Participaram do encontro, a equipe do PEIF,  os alunos da escola,  monitoras do programa Mais Educação e os professores da instituição.
O professor Gilberto Corazza, iniciou explicando a importância do PEIF, que veio para auxiliar a escola. Em seguida, um grupo de alunos apresentou o projeto de pesquisa que realizou, o qual constitui-se em um trabalho sobre as usinas Garabi e Panambi, que  afetarão diretamente o município de Porto Xavier  e  a região.
Os estudantes alertaram para um problema que irá ocorrer com o abastecimento de água do município quando a barragem for construída, pois até o momento a água que é consumida pela população advém do Rio Uruguai e, pelo fato da água estar em constante fluxo, o tratamento realizado pela CORSAN, garante a qualidade da água consumida. Mas com a criação da barragem a água permanecerá parada e irá ocorrer o acúmulo do lixo e a proliferação de bactérias que os tratamentos realizados pela CORSAN, provavelmente não  conseguirão controlar diminuindo, assim, a qualidade da água que será oferecida aos munícipes. Destacaram que inúmeras espécies de peixe  desaparecerão do rio, por serem espécies que necessitam de água corrente, bem como o crescimento descontrolado dos peixes piranha, os quais irão atacar as demais espécies e gerar o desaparecimento das mesmas.
Foi abordado que os animais que residem na região costeira, terão que migrar para outras áreas gerando assim o desequilíbrio ambiental.
Através da construção das barragens o Rio Uruguai irá atingir a marca de 89 metros acima do nível do mar, ou seja, em Porto Xavier irá alagar 13 metros, fazendo com que inúmeras famílias necessitem abandonar suas residências, mudando-se para outras áreas do município ou mesmo da região. Na região serão atingidos 18 municípios de forma direta, bem como, cerca de 213 pescadores brasileiros registrados, irão perder sua forma de sustento, sendo que deste 135 são do município de Porto Xavier e não possuem extensões de terra, gerando assim a dificuldade de receberem qualquer valor indenizatório. Os alunos destacaram que realizaram entrevistas com vários pescadores e todos se posicionaram contra a construção das barragens.
O segundo grupo de alunos, apresentou o seu trabalho realizado referente às barragens, destacando, inicialmente, o aumento considerável do consumo de energia da população e a diminuição do petróleo, o qual segundo eles irá extinguir-se dentro de 50 anos, em função do seu consumo desenfreado. Apresentaram um breve histórico da energia hídrica, inicialmente  utilizada para mover  a roda d'água. No século XVIII foram realizadas descobertas físicas da água que geraram a descoberta real do potencial que a água possui como fonte de energia. O Brasil adota em grande escala a geração de energia através do uso da água, em função da sua abundância no território e das planícies acidentadas sendo que o país possui a segunda maior hidrelétrica do mundo.
Os alunos também trouxeram os problemas que a construção das barragens irão gerar a nível local e regional. Conforme suas pesquisas, identificaram que a construção do lago artificial, irá mudar a umidade do ar e assim influenciar a frequência das chuvas, gerando um desequilíbrio ambiental de grandes proporções.
O Rio Uruguai possui 1700 km de extensão, e já foram construídas sete usinas hidrelétricas ao longo de sua extensão. A construção de mais duas hidrelétricas irá gerar grandes perdas dos pontos turísticos do Rio Uruguai e também atingir as reservas legais existentes, já que 100 000 ha de terra serão inundadas, gerando uma perda irreparável à fauna e flora.
Outro grande problema apontado pelos estudantes consiste em: Para onde vão os agricultores que necessitam abandonar suas propriedades? Porque, apesar de possivelmente receberem uma indenização, esta dificilmente será suficiente para reestruturar as propriedades em outros locais. Destacaram que das sete usinas já existentes no Rio Uruguai, apenas duas estão nas mãos de empresas brasileiras, ou seja, a riqueza produzida por aqui, não fica aqui, vai para fora.
Deixaram claro também que as informações que chegam a população de Porto Xavier referente a construção da barragem, são “duvidosas” e distorcidas, nunca claras e objetivas.
Uma informação que era repassada para a população, a  respeito da construção da barragem, afirmava que nunca mais iria ocorrer uma cheia, pois as barragens impossibilitam esse fenômeno natural, porém nos últimos dias o município e toda a região enfrentaram a maior cheia da história. Ao final os alunos realizaram um apelo da grande necessidade da comunidade se unir e lutar contra as barragens.
O professor Corazza,  fez  referência sobre a Marcha Mundial das Mulheres, que no ano de 2005, passou por Porto Xavier e durante esse percurso pelo mundo criou a Carta da Marcha Mundial das Mulheres para a Humanidade. Destacou, também, a importância que a escola tem para auxiliar a comunidade a realizar uma análise crítica sobre a construção das barragens.
Braga ao fazer uso da palavra, destacou que participa a mais de 15 anos da luta contra as barragens. Enfatizou que não é contra o desenvolvimento e, sim, a forma como este desenvolvimento está sendo realizado. Citou o exemplo da serragem que é produzida em Misiones, e que se esta fosse utilizada como matéria-prima para a produção de energia, não seria necessário construir as duas barragens, lembrando que as barragens não são uma forma de produção de energia limpa e gera altos índices de gás metano. Trouxe um dado muito interessante no qual consta que a organização mundial da saúde é contra a construção de barragens em lugares de clima subtropical, pois estas acabam gerando muitas doenças, como a dengue, esquistossomose, malária, dentre outras. Apontou ainda que a água é um bem essencial para a nossa vida e que devemos defendê-la, além de que, as terras que serão submersas são extremamente férteis. Só na Argentina mais de 250 hectares de floresta serão atingidos.
Já a diretora da escola foi bem objetiva quando destacou que eles temem pela extinção da escola, pois grande parte de seus alunos serão atingidos pelas barragens e necessariamente terão que ir para outro lugares, enfraquecendo assim o grupo escolar, a ponto da escola fechar nos próximos anos.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A Problemática do Diálogo Intercultural

No dia 14 de agosto, ocorreu a oficina do professor Lívio  Arenhart, da UFFS- campus de Cerro Largo, com o tema: A problemática do diálogo intercultural, na Escola Estadual Antônio Fioravante -CIEP. A seguir, disponibilizamos uma resenha, produzida pelo professor Lívio, acerca das questões enfocadas no encontro.
                Distinguindo-se das posições mono e multiculturalista, a postura de quem promove o diálogo intercultural foca ao mesmo tempo as necessidades humanas do pertencimento comunitário, do acesso aos recursos econômicos e simbólicos e da conexão às redes informacionais. Enfrenta os problemas da diferença cultural, da desigualdade social e da desconexão comunicacional. Essa posição desvia da forma binária de pensar, que, indolentemente, opõe dominados e dominadores.
            Na perspectiva do interacionismo simbólico, a problemática da interculturalidade implica lidar com os contextos institucionais como ordens negociadas em que se mesclam formas de vida de múltiplos grupos que, pragmaticamente, constituem-se como polos de poder, demandando e negociando a realização de seus fins e valores.
            Levando-se em conta que o império capitalista (promete, mas) não proporciona trabalho, educação, saúde e o atendimento de outras necessidades humanas, torna-se plausível que as comunidades populares não se subordinem completamente à lógica da acumulação capitalista. A vida social deve, portanto, ser vista como se movendo segundo lógicas diversas. Uma dessas outras lógicas é a da luta pelos direitos fundamentais, expressão ético-axiológico-jurídica das necessidades humanas não satisfeitas. Onde e quando as lógicas sociais se revelam contraditórias, os conflitos se desdobram também na forma de luta cultural-simbólica, dando lugar à imaginação de outras formas de vida nos mitos, na literatura, nas histórias em quadrinhos, etc. Como a lógica dominante não consegue subsumir as outras, éimpossível viver social, cultural e informacionalmente em um único mundo.
            Assim, apesar de seus sofrimentos, pelo fato de viverem em mundos diversos, os migrantes e os exiladossãoa principal referência para pensar a interculturalidade. Por referência a eles, a reconstrução de nossas identidades exige uma inteligência de passagem. As identidades são móveis, recombináveis, mescladas, híbridas, figuráveis por metáforas. Daí a importância da metáfora da hibridação para pensar o diálogo intercultural. A hibridação desautoriza nossa pretensão de subsumir os outros a nossos esquemas de pensamento. Cobra-nos reconhecermos que não sabemos como chamar os outros. Os outros nos interpelam a partir de fora de nosso horizonte de sentido.
            Entretanto, isso não nos autoriza a ficarmos acomodados em visões fragmentadas do mundo. O princípio da emancipação, uma das promessas que a forma capitalista de vida social não consegue cumprir e que orienta a luta social, cultural e informacional pela efetivação dos direitos fundamentais, impede que percamos de vista a referência à totalidade e que nos atenhamos à celebração conservadora dos fragmentos. A articulação desse princípio com a metáfora da hibridação faz-nos buscar um mundo culturalmente, assim como biologicamente, colorido, múltiplo, heterogêneo, por oposição à homogeneização promovida pelo império capitalista.
            Aliás, é precisamente a compreensão dessa tendência homogeneizante do capitalismo que nos permite ver o lado positivo do etnocentrismo, tão criticado pela posição multiculturalista. Para qualquer grupo (politicamente) minoritário, o reconhecimento da incompletude e da relatividade de sua forma cultural de vida pode resultar em autodestruição coletiva. O etnocentrismo deve ser visto como uma posição de autodefesa em relação à lógica avassaladora do império capitalista, cuja cultura exerce um efeito cáustico sobre as culturas dos grupos minoritários, quando estes não levantam defesas vigorosas de seus segredos culturais, mesmo não excluindo a demanda pelos mais avançados meios tecnológicos de comunicação.
            Um aspecto importante do diálogo intercultural é que ele se respalda numa postura de respeito à dimensão mítico-simbólica da vida dos interlocutores de outra cultura, dimensão em que as comunidades conferem sentido a sua vida. Não convém aos interlocutores de culturas diferentes pretenderem, mediante distinções conceituais e argumentos, a construção de sínteses teóricas entre as culturas. Ninguém pode colocar-se em lugar de sobrevoo para tal. Por isso, tanto a agenda quanto o método do diálogo intercultural terão de ser construídos no percurso. Naturalmente, isso não exclui, ao contrário, implica a compreensão das razões e/ou motivações pelas quais os outros creem no que creem, fazem o que e como fazem. Não se pode amar algo sem que se tenha um mínimo de familiaridade com esse algo.

Livio Osvaldo Arenhart

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

MASSINHA DE MODELAR NAS TÉCNICAS DE ANIMAÇÃO DIGITAL DO PEIF

No último encontro de Cultura Digital e Intercâmbio Cultural do PEIF (08/09), em Porto Xavier, a turma deu continuidade ao processo de construção de cenário e personagens para a animação em stop motion, Para esta etapa, a utilização de massinha de modelar para confecção de bonecos articuláveis foi uma grande diversão. Você sabe como é o processo de produção de um filme desse tipo?

Passo a passo
1. O roteiro é escrito, com as cenas e seus diálogos. A partir dele os animadores criam uma versão rabiscada de como será cada cena.
2. Os bonecos são esboçados no papel. Com base nesses desenhos, são construídos os esqueletos que sustentarão os bonecos.
3. O esqueleto, que pode ser simplesmente de arame ou feito com engrenagens minúsculas de precisão (nesse caso, utilizamos palitos), é revestido com o material que dará forma aos bonecos: a massinha de modelar.
4. Os bonecos podem ganhar roupas de pano e outros acessórios. Para transmitir emoção, vários tipos de olhos, sobrancelhas e bocas podem ser modelados para serem movimentados e/ou substituídos durante a animação.
5. Enquanto isso, outra galera trabalha no cenário feito na escala dos personagens, baseados em desenhos ou até em plantas 3D feitas em computador ou maquetes, como no nosso caso.
6. Hora de gravar! Os animadores fotografam os bonecos, tirando até 24 ou 30 fotos para cada segundo de filme. Depois, a sequência das imagens é organizada no computador, convertida para um vídeo ou impressa na película.
7. Por último, com um programa de computador, um laboratório ou um técnico mixa as imagens unindo vozes, trilha sonora e imagens. Pronto, agora é só rodar e assistir!

Quer se divertir um pouquinho antes de ver o nosso trabalho final? Espia essa animação de uma oficina do Anima Mundi:


Texto: Marjorie Bier

Projetos de Aprendizagem e Mapa Conceitual Escola João Manoel Correa e Escola Antonio Fioravante

No último dia 23 de novembro de 2015, as formadoras do PEIF Aline Madrid e Graciele Fabrício, acompanhadas da supervisora do programa em Por...